1 de abril de 2009

É preciso encaixar o ideal romântico no mundo real

Todos gostaríamos de viver em num mundo ideal. Principalmente as mulheres fariam questão que, nele, os amores fossem românticos, felizes e, sobretudo, eternos. Para elas os sentimentos mais justos, as promessas mais sensíveis, deveriam estar todas à disposição.


No mundo real, na luta cotidiana, os sentimentos não conseguem se conservar intocados e a pressa, as novidades, a liberalidade permitem que se troque de amor como podemos trocar de sapato. Vive-se em busca de ideais bastante distantes, muitas vezes inatingíveis.

É grande o sofrimento que pode acompanhar as perdas, os desamores, as angústias de posse e de separação — disso é preciso se afastar. Mostra real amadurecimento a pessoa que aprende a conviver altiva e sossegada com os desafetos que povoam toda e qualquer trajetória.


Somos tentados a não acreditar que outros passem por dificuldades afetivas como as que se abatem sobre nós. É equivocado, a repartição desse tipo de problema tende a ser bastante democrática e igualitária. Em geral os adultos todos se mostram insatisfeitos com o seu repertório amoroso.



Não ultrapassar os amores perdidos, impede a procura e progressão rumo a novas e melhores situações que, sem dúvida, aparecem, com o correr do tempo. As idéias fixas, o estagnar-se, o não ultrapassar a espera infundada pelo retorno de alguém que nem sabe mais quem somos — isso tudo, infelizmente tão comum entre pessoas exageradamente românticas, concorre para nosso atraso e nossa fragilização.


Prestemos atenção nisso. Habitar os castelinhos de cartas que construímos é, mesmo, deveras, perigoso. Nosso desafio é progredir, colocar nossa subjetividade em movimento de subida, de melhora constante. Ideal é não acreditar muito em um "mundo ideal", e sim construir um espaço de paz, serenidade, equilíbrio, com coisas verdadeiras que podem nos abrigar como sonhamos ser acolhidos no mais ideal dos mundos.