21 de maio de 2016

** 8 meses de saudade **

Durante muitos anos o meu maior medo foi o medo de perder o meu pai. Medo de um dia, um simples telefonema me transportar imediatamente ao momento mais temido. Por inúmeras vezes me peguei imaginando como seria esse dia e de como eu iria enfrentá-lo.

Quando meu pai ficou doente, eu elevei o meu nível de positividade ao extremo, e caminhei assim durante os 7 meses que a doença chegou e se agravou.

Não estou aqui para escrever sobre o processo do meu querido pai e sim para relatar o meu processo durante essa jornada. 

Hoje, olhando para trás, eu enxergo como Deus me preparou, com todo cuidado, para o temido momento. Deus foi Perfeito, Bondoso, Cuidadoso e extremamente Amoroso comigoEle me deu tempo, me deu sonhos, sinais, amparo e muitos ensinamentos. Os mais valiosos ensinamentos que tive até o dia de hoje.

Dois dias antes do meu pai passar para o outro lado da Vida eu sonhei que estava no banco do passageiro de um carro em movimento e não vi o rosto do motorista, mas era um homem bem grande que usava roupas claras. Ele dirigia em direção ao uma ponte, e a ponte simplesmente acabava, como se estivesse ainda em construção. Entramos nessa ponte, ele dirigiu até o final da pista e o carro simplesmente decolou. Nesse momento eu, com medo, pensei: - vamos cair. E o motorista me disse: - vai ser bem suave (me lembro claramente dessa frase que ele disse em pensamento: vai ser suave) e eu, nesse momento, imediatamente me senti segura.

Na noite seguinte, tive outro sonho: sonhei que vi um pássaro preso. O pássaro queria voar mas estava preso e o bico dele estava amarrado com um elástico preto. Eu fui até ele e o libertei. Abri a portinha da gaiola e pensei: estava sofrendo.

Acordei e, como nos últimos 40 dias,  fui direto ao hospital, mas pela primeira vez eu não estava otimista. Logo após receber o boletim médico da parte da tarde, entrei na capelinha que fica no andar da UTI e orei: Deus, pode levá-lo. Entendo que ele está sofrendo e que o melhor é libertá-lo desse corpo machucado. Nesse exato momento, algo se descolou do meu peito. Senti uma parte do meu coração literalmente se descolando de mim (como se fosse um adesivo). Não foi imaginação. Não foi uma simples impressão. Foi pura realidade. 

No dia seguinte, antes do amanhecer o tal telefonema aconteceu. Antes mesmo de ouvir a confirmação, eu simplesmente já sabia. Um pouco depois das cinco horas da manhã do dia 22 de setembro meu pai tinha passado para o outro lado da vida e estava finalmente livre.

Eu e meu pai sempre fomos bem amigos e algumas vezes conversamos sobre a morte. Eu dizia que acreditava (e acredito) na eternidade da nossa alma (que vivemos muitas vidas) e ele sempre dizia que acreditava que a morte era o fim, que tudo ficaria escuro e ponto final.

Uns 5 dias depois da sua passagem, eu tive outro sonho e garanto que não foi mais um dos meus sonhos espirituais e premunitivos e sim um encontro real e uma experiência espiritual.

Eu e meu pai ficamos cara a cara por alguns segundos, ele estava em pé, sorrindo e com o rosto um pouco mais cheio (gordinho) do que estava como nos últimos dias antes da sua passagem. Tinha uma pessoa ao lado dele, que eu não vi claramente mas tive a percepção de ser um homem. Meu pai me olhou e disse: Passei para dizer que está tudo bem!

Imediatamente depois dessa frase eu acordei e entendi que estive com ele. Já acordada eu dizia para mim mesma: meu pai esteve aqui. Eu ainda sentia uma presença no quarto, mas não via mais nada. Nesse momento uma sensação muito boa tomou conta de mim e entendi que ele passou para me dizer que eu estava certa, que a vida continua sim e ele estava bem.

Nesses 8 meses que se passaram, desde que ele se foi, eu tive outros sonhos com ele: sonhos simples, sonhos confusos e sonhos legais, mas todos diferentes do nosso encontro. Aquele sonho foi muito real e o mais significativo para mim. Confesso que muitas vezes a saudade aperta e eu choro um pouco, mas logo me recomponho pois eu sei que ele está bem. 

Tenho certeza que a nossa alma é eterna e que a vida segue do outro lado. Nessa jornada eu aprendi, cresci e me fortaleci espiritualmente. Hoje a gratidão é a minha maior aliada.


Obrigada Deus. 
Um milhão de vezes obrigada, por tudo.

PS: Não sou religiosa e nem frequento igrejas. Já fui evangélica e em um certo momento, e por razão particulares, eu perdi a fé no Deus da Bíblia, mas depois O reencontrei em outro lugar e em outro caminho.
Gostaria de declarar que sou doadora de órgãos e que no dia que eu passar para o outro lado, saibam que estarei bem e feliz. Só peço que ajudem e protejam os animais e que espalhem coisas boas por onde passarem. 

Com amor,
Corine