29 de junho de 2016

Jornalista viraliza texto sobre preconceito


Na verdade, analisando profundamente, não estamos aqui, nessa vida, para sermos Jornalistas, Diretores, Advogados e Banqueiros, estamos aqui para aprender e crescer, para evoluir e seguir o nosso infinito caminho como seres espirituais.




Uma jornalista de Santos, que virou balconista em uma loja de doces para driblar o desemprego, deverá aparecer, nos próximos dias, no programa Mais Você, da Rede Globo, contando sua história, que viralizou na internet.
Beatriz Franco, de 28 anos, ficou conhecida após postar um desabafo em sua página pessoal no Facebook. No texto, a jovem, que já conta com mais de 10 mil seguidores em sua página, reflete sobre a possibilidade de aceitar um emprego de balconista nesses tempos de recessão econômica. 
O texto viralizou na internet e tornou a jornalista uma espécie de celebridade na região, sendo reconhecida por muitos na doceria onde trabalha. “Eu sou meio envergonhada. Na internet é mais fácil responder”, diz sobre as curiosidades de seus novos fãs. 
Apesar do sucesso, Beatriz trata do assunto como seus “15 minutos de fama”. Nesse período, ela recebeu convites para matérias em jornais como Folha de S. Paulo, emissoras de rádio e TV e blogs de menor expressão. Até a BBC de Londres entrou em contato. 
Desconhecidos que entram no Ateliê dos Doces pedem para ela enviar currículo e já ofereceram trabalho como tradutora ou produtora de conteúdo.
Enquanto nada de concreto acontece, ela segue trabalhando como balconista e dando aulas particulares de inglês. “Sinceramente, eu não espero nada”, diz Beatriz sorrindo, sobre a chance de mudar de emprego e, até mesmo, de voltar a atuar como jornalista.
Beatriz segue ainda postando causas em que acredita em seu Facebook e planeja criar um blog para compartilhar textos “sobre questionamentos da vida”, como ela define.
Agora, no entanto, com muito mais responsabilidade. “Tenho que parar para pensar se eu compartilho público ou só para os amigos, porque qualquer postagem meia boca já tem muitas curtidas”.
Por enquanto, Beatriz se diz satisfeita com o que conseguiu. “Não digo isso para forçar a barra, pode até parecer, mas a melhor coisa para mim foi poder ter ajudado as pessoas. Recebi muitas mensagens de pessoas que passaram por isso e meu texto deu força para elas irem atrás do que precisavam”.

Confira abaixo o texto publicado por Beatriz Franco na internet: 
“Me descobri preconceituosa. Eu, que defendo tanto a igualdade de gêneros, de cor, de religião, que tenho amigos gays, nordestinos, evangélicos, jovens, velhos, com dinheiro e sem, até coxinhas e petralhas! Vários tipos de rótulos.
Explico: Nos últimos meses, minha área de trabalho – como muitas – está muito ruim. Em quatro meses não consegui quase nada. Então, depois de meses me enterrando num sofá perdendo tempo, vida e dinheiro, surgiu a oportunidade de ajudar uma amiga atendendo clientes em sua loja de doces. Quatro vezes por semana, período da tarde, remunerado.

Uma boa forma de ocupar a cabeça, sair de casa e ter algum dinheiro. Foi aí que veio o primeiro julgamento: Eu, balconista? Jornalista, três idiomas, currículo em comunicação, trabalhando de touquinha na cabeça servindo os outros? Foi difícil tomar essa decisão, mas aceitei, estou precisando.

Dias depois, a cena durante a tarde, limpando uma das mesas, ouvi dois clientes conversando: “Coloco acento em ‘tem’? Mudou com a nova ortografia?” “Não sei. Não entendo.” E eu ali me remoendo pra dizer “eu sei, eu sei!!!”. Mas, eu era só uma atendente e eles não iriam acreditar que eu sabia. Depois a barreira seguinte: conhecidos e colegas antigos entrarem na loja e me verem nessa função. “O que eles vão pensar? Eles não sabem como cheguei até aqui, que a dona é minha amiga, vão pensar que não dei certo na vida.”

Dá pra entender como isso é errado??? Era com essa inferioridade que eu via os outros atendentes, balconistas e nunca tinha percebido! Sentia vergonha por estar em um trabalho honesto, justo, que traz alegria para as pessoas, que auxilia os outros? Eu deveria é ter vergonha de mim por pensar assim, por tanta falta de humildade e empatia.

Por um preconceito idiota eu ia perder a chance de conhecer tanta gente nova como nas últimas três semanas, de ouvir tantas histórias de vida como sempre gostei de fazer, de aprender um novo trabalho, de ajudar uma amiga, de ter dinheiro pra comprar uma nova bicicleta, pra ir no casamento de uma amiga em outra cidade, de viver! Em tão pouco tempo, esse trabalho que eu achava tão inferior já me ajudou a estar mais feliz, disposta, a ter novas ideias, entender como uma pequena empresa funciona, a buscar cursos para aprender mais.

Como dizia meu avô: A vida não é como a gente quer, é como ela se apresenta! Então, estou aqui aceitando com muito amor e gratidão o que me foi apresentado. Aceitando novas formas de crescer e evoluir com, por enquanto, um preconceito a menos. Hoje, estou aqui, jornalista, tradutora, professora de idiomas, aprendiz de gestora e sim, atendente de um ateliê de doces. E o que mais precisar, a gente aprende a fazer também! E, modéstia à parte, eu tbm fico linda de touquinha!

Esse textão é pra tirar de uma vez essa vergonha de mim, para agradecer pela confiança e apoio dos queridos amigos Veronica, Bruno e Felipe, pelo empurrão dos meus pais Edna e Orlando e, talvez, se não for me achar muito, ajudar alguém a fazer a mesma reflexão e dar um passo à frente se for o momento”.